Comida é aprendizado e significado. É um conjunto de cores, sabores, texturas e ingredientes que materializam lembranças, valores e crenças que herdamos de nossos pais, avós e outras gerações. E, diante disso, é interessante observar como a história das comidas se misturam com a nossa própria história de vida. E como essa junção entre a comida e o eu, conta a história de um povo.
Afinal, o que comemos e como comemos diz muito sobre nós e nossa cultura.
No episódio sobre Yogyakarta (Indonésia) da série Street Food Asia, conhecemos Mbah Satinen que é famosa pelo seu jajan passar, um doce de rua geralmente feito de açúcar de palma, arroz glutinoso, mandioca e coco. Mbah prepara o prato há mais de 50 anos, EXATAMENTE como aprendeu com sua mãe e, é isso que faz com que ela e seu jajan passar sejam tão especiais.
Assim como Mbah, outras mulheres também idosas fazem esse petisco e outros pratos tradicionais a partir das receitas que receberam de suas mães e avós, usando os mesmos ingredientes e executando o mesmo modo de preparo todos os dias por anos, quase como uma representação viva da definição de Roberto da Matta: “cultura é a existência de uma tradição viva conscientemente elaborada que passa de geração para geração e que permite individualizar ou singularizar uma comunidade em relação às outras”.
Pelas ruas de Yogyakarta essas mulheres orgulhosamente vivem suas histórias pessoais olhando o mundo por lentes que herdaram de suas mães e avós: suas receitas. São essas receitas replicadas dia após dia que guiam suas atividades diárias, que dão sentido para o seu existir e que fazem delas personificações de sua própria cultura.
Conhecer Yogyakarta certamente passa por conhecer a vida e o dia-a-dia de mulheres como Mbah.