{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"5fec803be7f52e64c5f2b41e","updated":"2021-01-05T18:32:21.778Z","created":"2020-12-30T13:27:23.758Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2021-01-05T18:31:19.361Z","likes_count":0,"bookmarks_count":0,"comments_count":0,"score":"2021-01-05T18:31:19.361Z","sharing_title":"Street Food: por que países vizinhos têm culinárias diferentes?","sharing_description":"Confira como diferenças históricas e geopolíticas de dois países deixam marcas fortes na forma como um povo se alimenta.","sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/79f74facc6ff4de970bc7471230653855d8e5042.jpg","tag_ids":["5f3aeee276828206b5850e2a","5f989092b7c6eb261505c13b","5f9f54ffdb304f0d4ba81e53","5fec803be7f52e64c5f2b41c","5fec803be7f52e64c5f2b41d"],"author_user_id":"5f7b1f1bdee03102d2c0ad3a","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"5f3aeee276828206b5850e2a","title":"cultura","slug":"cultura","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5f989092b7c6eb261505c13b","title":"street food","slug":"street-food","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5f9f54ffdb304f0d4ba81e53","title":"gastronomia","slug":"gastronomia","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5fec803be7f52e64c5f2b41c","title":"Coreia do Sul","slug":"coreia-do-sul","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5fec803be7f52e64c5f2b41d","title":"Japao","slug":"japao","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Por que países vizinhos têm culinárias diferentes?","slug":"street-food-osaka-seul","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/79f74facc6ff4de970bc7471230653855d8e5042.jpg","headline":"Eu já havia visto alguns episódios de Street Food de relance. Há alguns meses, meu namorado estava maratonando a temporada da América Latina e assisti parte das histórias dos cozinheiros","main_content":"

Eu já havia visto alguns episódios de Street Food de relance. Há alguns meses, meu namorado estava maratonando a temporada da América Latina e assisti parte das histórias dos cozinheiros dos países que formam o nosso continente. Para evitar de reassistir às mesmas narrativas, decidi pegar a temporada da Ásia.

Além disso, já vinha pensando sobre a cultura asiática, em especial a japonesa e a sul-coreana, por causa do livro Pachinko. A obra da autora coreano-americana Min Jin Lee conta a história épica de múltiplas gerações de uma família de imigrantes que vão de Busan à Osaka. O choque entre essas duas culturas é um dos temas centrais do livro.

Nos episódios de Seul (Coréia do Sul) e Osaka (Japão) da série, é possível ver outras perspectivas dessas culturas. Afinal, a gastronomia pode ser um ponto de partida para compreender o estilo de vida, a história e os costumes de um povo.

Entre conservas e frituras

Tanto a culinária japonesa quanto a coreana usam frutos do mar em abundância. Afinal, um país é um arquipélago e o outro é uma península banhada pelo Pacífico de quase todos os lados. As frituras também estão bastante presentes em ambas as culinárias, como no caso do takoyaki nipônico e a panqueca de feijão mungo coreana. Apesar de as histórias desses Estados estarem entrelaçadas, as suas diferenças geopolíticas estão muito marcadas também na sua gastronomia.

Ao longo do episódio sobre Seul, as histórias dos personagens estão muito ligadas ao resgate de uma tradição como meio de sobrevivência. São famílias que acabaram sem fontes de renda em meio às dificuldades econômicas do país. Nesse contexto, as mulheres viram uma saída no preparo de receitas caseiras.

O cenário do episódio é o mercado Gwangjang, que reúne diversos negócios familiares. É um ambiente muito competitivo, onde, em outros tempos, a prosperidade do concorrente significava a falta de comida na mesa da sua casa. Mesmo hoje em dia, as condições de trabalho são quase insalubres. Não só pelo estresse, como também pela falta de conforto térmico, conforme ressaltam as entrevistadas.

Grande parte dos pratos apresentados envolvem conservas: uma prática que se tornou muito comum entre os coreanos para fazer os alimentos durarem mais tempo durante os períodos de dificuldade. O principal exemplo é o kimchi, um conjunto de vegetais fermentados que pode acompanhar uma variedade de pratos.

Já os pratos japoneses apresentados pela série (e também os que são mais conhecidos ao redor do mundo), prezam muito mais pelo frescor dos ingredientes. Afinal, vários deles contam com peixes crus. Isso não se deve apenas ao fato do Japão ser formado por diversas ilhas, como também pela prosperidade que marca grande parte da sua história e possibilita o desenvolvimento de receitas com ingredientes tão perecíveis.

A ambientação dos restaurantes também é muito diferente do que há em Seul. Os estabelecimentos existem há gerações e são alguns dos poucos na cidade que continuam operando no modelo de street food. Por causa das regulações municipais, esse modelo tem se tornado cada vez mais raro nas ruas de Osaka.

Legenda: o Izakaya Toyo se destaca pelo carisma do dono e seus métodos pouco ortodoxos, em contraste com a tradição de outros restaurantes mais tradicionais de Osaka. Fonte: Divulgação/Netflix.

A tradição e a cozinha

Para além dos processos de cozimento e escolhas de ingredientes, o grande ponto de contraste das histórias apresentadas está no papel das tradições. Diversos dos japoneses representados na série mostram como aquele prato é preparado pela família há gerações.

O papel dos filhos, especialmente do primogênito, é manter essa história viva. Eles relatam uma necessidade de aperfeiçoar a técnica dos seus pais e dar continuidade ao negócio. Um dos personagens mostrados precisou abrir mão do seu desejo de fazer uma faculdade para assumir o comando do restaurante, por exemplo.

Já os coreanos começaram seus negócios há uma ou duas gerações. Há filhos que se preparam para assumir a profissão dos pais, mas eles demonstram ter uma ambição mais empreendedora, seja pela expansão ou pela inovação nos cardápios.

Novamente, a cultura e a história oferecem pistas para entender esse fenômeno. O Japão passou por períodos de isolamento e fronteiras fechadas que duraram centenas de anos. Isso ajudou a desenvolver uma cultura forte de valorização das tradições.

Quando o país se abriu em meados do século XIX, adotou uma política imperialista. Uma de suas colônias foi a Coreia, que teve a sua cultura sufocada e desvalorizada durante décadas. Afinal, poucos anos após o fim do período colonial começam as disputas relacionadas à separação do Norte e do Sul do país, com forte intervenção internacional.

Ao longo da segunda metade do século XX, as duas nações passaram por processos de internacionalização diferentes. Não é à toa que logo no início do episódio de Street Food, somos apresentados a dois contextos muito diferentes em Osaka e Seul.

Na capital sul-coreana, a culinária tradicional está em um processo de reinvenção, mas os grandes mercados de comida de rua continuam presentes. Já em Osaka, apresentada como um centro gastronômico do país, os tradicionais vendedores de street food tem se tornado cada vez mais raros devido às regulações da cidade.

Entre Pachinko e Street Food

O livro de Min Jin Lee dá um ótimo contexto para entender as diferenças culturais entre a Coréia do Sul e o Japão. Em Pachinko, uma família de coreanos nascidos em uma ilha próxima à Busan emigram para Osaka em busca de melhores condições de vida.

A Coréia colonial é mostrada como um ambiente hostil, onde os japoneses exercem constantemente a dominação econômica e controlam o acesso dos nativos a alimentos básicos, como o arroz. No entanto, ao ir da península ao arquipélago nipônico, os protagonistas sofrem com a discriminação e diversos outros desafios.

A dificuldade de encontrar empregos, as condições precárias de moradia nos guetos e o desrespeito diário são apenas alguns exemplos dessas dificuldades. Um dos marcadores do preconceito sofrido é justamente pelos coreanos plantarem vegetais e criarem animais em casa para o próprio sustento.

Assim como para as famílias coreanas mostradas em Street Food, um dos meios de sobrevivência da família é a venda de kimchi e doces em um mercado local. Mesmo assim, há muitas dificuldades em conseguir os ingredientes necessários para os preparos.

Essas questões vão além da comida, é claro. Ao longo das gerações, os personagens entram em conflito com as suas origens. Os que nunca estiveram na Coreia não se veem como coreanos, mas também não são reconhecidos como japoneses. Porém, é curioso ver como o diferente preparo de alguns itens corriqueiros pode ser o ponto de partida para entender conflitos tão profundos.

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Entre conservas e frituras

Legenda: o Izakaya Toyo se destaca pelo carisma do dono e seus métodos pouco ortodoxos, em contraste com a tradição de outros restaurantes mais tradicionais de Osaka. Fonte: Divulgação/Netflix.

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Entre Pachinko e Street Food

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Por que países vizinhos têm culinárias diferentes?

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