{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"5fa442a1d6e3b2477582978b","updated":"2020-11-05T18:46:03.904Z","created":"2020-11-05T18:21:21.209Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2020-11-05T18:46:04.228Z","likes_count":1,"bookmarks_count":0,"comments_count":0,"score":"2020-11-05T19:46:04.228Z","sharing_title":"Comida de rua, O Superorgânico e Ratatouille.","sharing_description":null,"sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/5e039075cbc7e1ff8114803779ce8189382e2bdb.jpg","tag_ids":["5f3aeee276828206b5850e2a","5f95b1f7e8de11441c956866","5f970a2d2a0dcd7762cf16d2","5fa442a1d6e3b24775829789","5fa442a1d6e3b2477582978a"],"author_user_id":"5f7fca97cea6cf7f75f13bbd","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"5f3aeee276828206b5850e2a","title":"cultura","slug":"cultura","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5f95b1f7e8de11441c956866","title":"superorganico","slug":"superorganico","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5f970a2d2a0dcd7762cf16d2","title":"streetfood","slug":"streetfood","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5fa442a1d6e3b24775829789","title":"comidaderua","slug":"comidaderua","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5fa442a1d6e3b2477582978a","title":"ratatouille","slug":"ratatouille","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Comida de rua, O Superorgânico e Ratatouille.","slug":"comida-de-rua-o-superorganico-e-ratatouille","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/5e039075cbc7e1ff8114803779ce8189382e2bdb.jpg","headline":"Para iniciarmos a discussão é importante buscarmos a compreensão dos conceitos apresentados na aula II, baseados no texto “O Superorgânico de Alfred L. Kroeber (1917) no qual a constituição do","main_content":"

Para iniciarmos a discussão é importante buscarmos a compreensão dos conceitos apresentados na aula II, baseados no texto “O Superorgânico de Alfred L. Kroeber (1917) no qual a constituição do ser humano é tida em dois níveis, o orgânico, aquilo que é biológico e herdado e o cultural (superorgânico), ou seja, tudo aquilo que aprendemos, no meio social, a fazer. Kroeber (1917) não economiza nos exemplos para que essa compreensão seja alcançada, mas como nosso tema aqui é comida me atentei a este trecho onde ele explica como a cultura perpassa nossas escolhas culinárias e o quanto este fato não se deve a necessidades biológicas:

\"E quanto à sua dieta, se esta durante todo o Inverno se compõe de foca, foca e mais foca, não é por nenhum desejo congénito do seu estômago, mas porque não conhece maneira de obter outra coisa. O mineiro do Alasca e o explorador do Árctico e do Antárctico não se empanturram de gordura. Farinha de trigo, ovos, café, açúcar, batatas, legumes enlatados - o que as exigências da sua vocação e o custo do transporte lhe permitem - constituem a sua alimentação. O esquimó está mais que desejoso de seguir-lhes o exemplo; e tanto ele como eles podem viver tanto com uma dieta como com a outra\". (pág. 45)

A formação de uma cultura gastronômica com interferências de acontecimentos sociais também é apresentada no episódio “Índia” da série “Street food: Ásia” da Netflix: “Em 1857, quando o império Mongol foi destruído os trabalhadores da cozinha perderam o emprego. Então esses cozinheiros reais precisavam sobreviver e montaram barracas em Délhi e a comida da realeza ficou disponível para todos”. Ou ainda: “Povos que se refugiaram na Índia trouxeram sua cultura e também sua comida. [...] Todos passaram a comer e se tornou uma comida típica de Délhi”. Ou seja, se comêssemos e cozinhássemos apenas para satisfazer a fome, de forma puramente fisiológica, não nos importaríamos com a história dos pratos e muito menos com o significado de os saborear, como também é posto em outra fala deste mesmo episódio: “Não mudamos nada da receita original, ainda é a receita que o cozinheiro do imperador fazia”, ou ainda: “Quando comemos um seekh kebab dá para pensar que há mil anos atrás um príncipe se sentou nos mesmos degraus e comeu a mesma coisa, não é só comida, é história, o que é muito especial”.

Ao refletir sobre estes pontos, lembrei-me do filme “Ratatouille”, lançado em 2007 pela Pixar, que conta a história de um chef de cozinha um tanto surpreendente por ser um rato. Porém, o que me fez relacioná-lo com esta temática foi a cena final, na qual o maior e mais carrasco crítico de culinária escreve uma excelente crítica sobre o restaurante após provar um prato que o leva às emoções e aos locais de quando era criança. Ao colocar o garfo na boca ele se vê pequeno, chegando na casa em que morava com sua mãe, com a mesa posta e com o mesmo prato servido. Sua conclusão tem tudo a ver com o que temos visto sobre cultura:

“No passado eu não fazia segredo quanto ao meu desdém pelo famoso lema do chef Gusteau´s - “qualquer um pode cozinhar” - mas eu percebo que só agora compreendo o que ele realmente quis dizer… Nem todos podem se tornar grandes artistas, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar”. (Última crítica de Anton Ego - trecho do filme Ratatouille).

Trazendo a ficção mais próxima da realidade, ou seja, desconsiderando o fato de o chef em questão ser um rato, temos uma provocação interessante: se nascemos iguais fisicamente, cada um com suas especificidades genéticas, mas ainda humanos, o que nos torna capaz de chegarmos a lugares diferentes independente de onde viemos? A atuação dos capitais social, cultural, econômico e simbólico, o habitus, nossa formação cultural como sujeitos. A cultura.

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\"E quanto à sua dieta, se esta durante todo o Inverno se compõe de foca, foca e mais foca, não é por nenhum desejo congénito do seu estômago, mas porque não conhece maneira de obter outra coisa. O mineiro do Alasca e o explorador do Árctico e do Antárctico não se empanturram de gordura. Farinha de trigo, ovos, café, açúcar, batatas, legumes enlatados - o que as exigências da sua vocação e o custo do transporte lhe permitem - constituem a sua alimentação. O esquimó está mais que desejoso de seguir-lhes o exemplo; e tanto ele como eles podem viver tanto com uma dieta como com a outra\". (pág. 45)

“No passado eu não fazia segredo quanto ao meu desdém pelo famoso lema do chef Gusteau´s - “qualquer um pode cozinhar” - mas eu percebo que só agora compreendo o que ele realmente quis dizer… Nem todos podem se tornar grandes artistas, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar”. (Última crítica de Anton Ego - trecho do filme Ratatouille).

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