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Quando me sento para almoçar, jantar, ou beliscar aperitivo, sempre tenho por perto um guardanapo, um papel absorvente, algo que eu possa usar fácil. Menos pra boca e mais para meu nariz que escorre na proporção da fome e sabor da comida que vou ingerir. Quem foi assim toda vida, foi minha Volina, que desde sempre tinha um guardanapinho dobrado e posicionado em algum vão entre botões da camisa que estivesse usando dentro de casa. Seu nariz escorria, ela tinha o lencinho, o papelzinho, o guardanapinho.

Minha mãe tem isso - sem acomodar o papel na roupa - e eu também herdei. Me sentar numa mesa posta sem guardanapos aqui na minha casa é uma cena impossível.

Na rua - pré mundo pandêmico - eu era a sommelier de guardanapos de restaurantes e lanchonetes.

Alguns pontos comerciais economizam para além dos limites com a qualidade do guardanapo e nos oferecem uma coisa que não sei nem dar nome, pois é um papel barulhento, nada absorvente e que espalha o que você quer limpar e que chamam de guardanapo. E quanto nervoso já passei com nariz escorrendo e perrengue na mesa para resolver rápido. Passei, então, a carregar lencinhos na bolsa eternamente.

Antes da pandemia, me reencontrei com uma amiga que não via a algum tempo, recém separada, com uma filha linda que eu ainda não conhecia e muito assunto para colocar em dia. Nesse contexto, fui à casa dela algumas vezes, revivemos histórias, trocamos opiniões de trabalho, nos reconectamos. Eu sou da cidade, urbana, fixada aqui perto da Avenida Paulista, com pautas e interesses bem locais. Diferente de mim, a vida para ela só faz sentido e tem cor na natureza, em viagens que organiza, no meio do mato, verde, trilhas, acampamento, experiências ao ar livre. Ela tem uma formação em uma ONG chamada OBB que tem como princípio o \"leave no trace “, ou não deixar rastro e cuidar para que a presença humana tenha o menor impacto possível por onde passa na natureza.

Em um dos nosso jantares em sua casa, estávamos papeando, tomando um vinho, chegou a pizza e, assim que me serviu, meu nariz deu sinal de vida e pedi: Amiga, tem um guardanapo? Ela se levantou e disse:

- Ah é, nossa, você sempre pede e eu nunca tenho, não usamos aqui em casa. Peraí....\" E veio dobrando em quatro uma folha daqueles papéis toalha.

Eu nunca tinha me dando conta que em todos nossos encontros em sua casa, eu sentia falta e pedia um guardanapo. O diálogo que se seguiu foi superinteressante pois entendi que, no contexto de vida dela, guardanapo é algo que suja a mata, gera lixo, derruba árvore - o de pano não, mas gasta água para lavar - e não faz sentido. Muito louco pois para mim não existe não usar guardanapo.

Essa mesma amiga ganhou de mim outro dia um sabonete em barra que é o máximo, tem um conceito de produto maravilhoso para reduzir o plástico do box - e da natureza - além de não impactar o meio ambiente com produtos químicos e ser fácil de levar em viagens. Pois bem, o dia que chegou, ela me ligou dizendo que amou a proposta, o cheiro, tudo e que experimentaria na volta da viagem para a praia, pois não costumava lavar os cabelos no fim de semana de praia. Enquanto eu, se for viajar não consigo dispensar o shampoo, pois parte do banho que me faz sentir limpa é ensaboar e hidratar os cabelos.

Durante a aula, quando o entendimento do conceito ficou claro para mim, pensei nisso na hora, nas diferenças de porquês entre cada um de nós.

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Minha mãe tem isso - sem acomodar o papel na roupa - e eu também herdei. Me sentar numa mesa posta sem guardanapos aqui na minha casa é uma cena impossível.

Na rua - pré mundo pandêmico - eu era a sommelier de guardanapos de restaurantes e lanchonetes.

- Ah é, nossa, você sempre pede e eu nunca tenho, não usamos aqui em casa. Peraí....\" E veio dobrando em quatro uma folha daqueles papéis toalha.

Durante a aula, quando o entendimento do conceito ficou claro para mim, pensei nisso na hora, nas diferenças de porquês entre cada um de nós.

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