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O texto é cheio de estereótipos e pré conceitos baseados no entendimento do autor do que seja tortura, repugnância e outros termos, chegando ao ponto de fazer uma previsão sobre resultados de futuros estudos, quer dizer, uma indução a uma conclusão de algo que será, muito provavelmente, feito por outra pessoa. Neste texto não está presente o empirismo nem a neutralidade cientifica e sim o julgamento, apoiado em termos carregados de significados culturais, cujo resultado é enviesado.

Mas o mais impressionante é o quanto a sociedade estudada se assemelha à norte-americana (só para me limitar à região do autor). Alguns exemplos tirados do texto: jejuns para emagrecer, procedimento para diminuição ou aumento de seios, cuidados com os dentes (geralmente dolorosos) e com o que sai da boca num geral (também geralmente dolorosos). E tudo isso perante um pagamento extraordinário! Além disso, os Nacirema consideram sexo um tabu e se esforçam para evitar a gravidez por meio de uso de materiais mágicos.

O autor, então, categoriza como “bárbaro” um comportamento em tudo similar ao do seu próprio povo. Quem nunca sentiu dor no dentista ou se ofendeu com palavras ditas por outra pessoa? Conversar com um “curandeiro” sobre traumas da infância para diminuir meus males não lembra a ninguém de Freud? Fazer jejum para emagrecer, passar por procedimentos dolorosos para aumento dos seios, ter um remédio para cada tipo de doença “real ou imaginária”, tudo isso é uma descrição da nossa sociedade. E sempre pagamento valores extraordinários aos especialistas! Se substituirmos os termos culturalmente carregados usados pelo autor neste texto, estaremos descrevendo a população norte-americana (de novo, só para contextualizar).

Posso finalizar fazendo exatamente este exercício, utilizando o mesmo trecho extraído de Malinowski, mas imaginem um estudioso Naricema como autor:

“Olhando de cima de longe, de nossos lugares seguros e elevados da civilização Nacirema, é fácil ver toda a rudeza e irrelevância da ciência. Mas sem seu poder e sua orientação, o homem norte-americano não poderia ter superado suas dificuldades praticas como o fez, nem poderia o homem ter avançado até os mais altos estágios da civilização.”

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Posso finalizar fazendo exatamente este exercício, utilizando o mesmo trecho extraído de Malinowski, mas imaginem um estudioso Naricema como autor:

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