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Entramos no capítulo cultura e chegamos no texto do Mauss. Confesso que, até aqui, foi o tema mais complexo para mim.

Durante a vida tive contato, mesmo que superficial, com outros jeitos de se fazer as coisas. À medida que circulo por outras casas, bairros, cidades, vou encontrando elementos para comparar como vivem outras pessoas, e, consequentemente, fazer uma auto reflexão sobre como eu mesma vivo.

Mas esse tema me virou do avesso e me fez entender que tudo o que eu faço com meu corpo, como faço, os movimentos, ângulos, cadências, posições, foram impostos pela cultura onde eu nasci. \"Postura ao sentar, voz, jeito de falar, temos um conjunto de atitudes permitidas ou não. Naturais ou não\", Mauss.

Não é uma questão opcional, é a única que conheço.

E outro ponto intrigante: como pensar o que faço a partir de como faço? Com relação a hábitos e motivações é uma coisa. Mas com relação ao corpo é outra. O texto me ajudou a refletir, porém sem conseguir alcançar conclusões muito significativas.

Entre os pontos de destaque:

1. Sobre agachar: quando meus sobrinhos nasceram e passei a brincar com eles no chão, o agachar e levantar era difícil (agora, mais velha, quase impossível, risos). Mas não era só eu: a maioria dos adultos da família não agachava também e tantas vezes me peguei pensando que estávamos (eu e os mais velhos da família) meio travados. O texto me abriu os olhos para a questão cultural. Há países em que a \"privada\" é de louça ou mesmo cavada no chão e exige o agachamento para seu uso. E se eu tivesse nascido em um desses lugares? Não seriam as pernas fracas ou o sobrepeso que me impediriam de agachar, pois, imagino, isso seria natural. Porém hoje, com o corpo que tenho e o que aprendi toda a vida, confesso que seria algo muito difícil usar um banheiro agachada. Talvez se eu fosse uma especialista em vida acampando no mato, teria mais familiaridade... E pra levantar? Hoje, preciso de um guindaste.

2. Sobre o parto: Todas as conversas sobre meu nascimento, giram em torno dos 8 meses, do parto normal, da facilidade com que nasci. O texto mostra tantas possibilidades dentro desse sistema (Buda nasceu com sua mãe em pé, pensar na postura da mãe, os auxiliares, a forma de pegar a criança, o corte do cordão umbilical, os cuidados com a mãe e com a criança... Fora outras questões sobre a escolha da criança, o abandono dos fracos, a condenação de morte dos gêmeos...). Quantas coisas eu desconhecia que poderia considerar como elementos culturais de um parto.

O texto segue com as técnicas de criação de crianças e adolescentes. Reforça que nesse último é onde se aprende as técnicas do corpo que seguirão pelo resto da vida.

3. Sobre sono: eu durmo em uma cama. Com colchão com lençóis e uso travesseiros. No frio, uso cobertores. Não consigo dormir sentada, em trânsito, em movimento, na frente de TV. Me pergunto: será que meu corpo não foi ensinado a dormir em qualquer lugar que encostar (inclusive de pé!), ou isso é biológico? Em pesquisas por lugares mais remotos, entrei em casas cujas camas eram redes. Não cheguei a tentar dormir nelas, mas certamente meu corpo seria impactado caso tentasse e acordasse (moída) no dia seguinte e, entendo, não fui ensinada à isso.

4. Sobre comer: fui ensinada a usar cadeiras e mesas. Eventualmente, experimentei um ou outro restaurante japonês onde sentei em tatame, mas também com mesa. Nunca comi num carpete, aliás, até que sim, quando fiz pique nique no parque e usei esteiras.

Cansativo! Chega um momento que o corpo dói. As pernas vão ficando sem posição e vou mudando pra lá e pra cá, a bunda dói, aí estica as pernas, vira de lado, o pic nic da alegria vai se transformando num filme de terror. E o que aprendi aqui: possivelmente isso seria diferente se eu me alimentasse no chão desde criança.

Como esse tema é importante e complexo! Agora sei que a cultura está diretamente aplicada no meu jeito de dormir, comer, tomar banho, conversar, me relacionar, agir; mas muito difícil conseguir olhar fora do meu eu e responder a mim mesma porque faço as coisas como faço.

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Entramos no capítulo cultura e chegamos no texto do Mauss. Confesso que, até aqui, foi o tema mais complexo para mim.

Não é uma questão opcional, é a única que conheço.

Entre os pontos de destaque:

O texto segue com as técnicas de criação de crianças e adolescentes. Reforça que nesse último é onde se aprende as técnicas do corpo que seguirão pelo resto da vida.

Cansativo! Chega um momento que o corpo dói. As pernas vão ficando sem posição e vou mudando pra lá e pra cá, a bunda dói, aí estica as pernas, vira de lado, o pic nic da alegria vai se transformando num filme de terror. E o que aprendi aqui: possivelmente isso seria diferente se eu me alimentasse no chão desde criança.

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