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A cultura de um povo ou região não se mostra em apenas um aspecto, é uma corrente, com todos os aspectos ligados. Aquela lente enxerga tudo, colore tudo, criando uma visão colorida, sempre única e sempre harmônica.

Vendo o capítulo de Oaxaca do programa Street Food, percebi que todas as barracas vistas eram lideradas por mulheres, que aprenderam a cozinhar em casa, com suas mães, e fizeram disso uma profissão quando tempos mais difíceis se apresentaram. Outro aspecto repetido no programa era que a comida local era reflexo das pessoas da cidade. Descritas como alegres, leves e com muitos sabores, mesmo sendo um lugar economicamente muito pobre.

Ao terminar o capítulo, fiquei pensando em como, em uma sociedade machista, essas mulheres se tornaram reconhecidas por seu trabalho e como um local tão pobre e com falta de recursos poderia ser tão leve e alegre.

O ser humano não faz sempre a mesma coisa, como castores fazem. Ele se constrói de maneiras diversas. Mas o que o ser humano faz, sempre, é buscar a sobrevivência e o bem estar. Estar bem alimentado é fundamental para isso. Historicamente, em Oaxaca, o preparo dos alimentos é responsabilidade da mulher – como as mostradas no capítulo, que aprenderam a cozinhar com as mães. Daí percebi que, por vezes, um sistema repressor, justamente por sua falta de espaço, cria formas de nos reinventarmos.

Essas mulheres continuam fazendo o que sempre fizeram, mas extrapolaram o limite da casa dos pais ou do marido. Não à toa a cidade é alegre – todas as crianças crescem mais fortes e satisfeitas quando bem alimentadas.

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