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A sociedade é cheia de ritos de passagem. Da infância para a adolescência, da adolescência para a fase adulta e assim vai. Tem ritos escolares, ritos sociais, religiosos. Cada sociedade incorpora identidades e modos de viver diferentes.

O estranhamento também acontece quando o parecido se torna diferente. Se alguém é completamente diferente de ti, por mais que tu olhes e vejas o diferente, ele não parece estranho, porque a princípio já seria outro.

Mas quando você olha e o espelho reflete o mesmo de si, as expectativas inundam o imaginário e você acredita que tudo que você aprendeu, e o social que te envolveu foram os mesmos dos semelhantes. O Estranho envolve a forma e a expectativa que te envolvem.

Na cultura oriental, a família é importante, mas o trabalho tem uma relevância diferente da nossa. Nunca pensei muito sobre essas implicações, mas quando tive o choque com uma dessas situações entendi que era “estranho” ao meu olhar o peso que damos a algumas situações e o que eles dão.

Tenho uma amiga de origem japonesa, trilhamos a faculdade juntas, ela nasceu e cresceu no Brasil, se não me engano seus pais também. Nossa formatura foi em uma sexta-feira a tarde e não me esqueço da surpresa que tive quando ela me disse que seus pais não iriam, eles ficariam trabalhando. Somente iriam se encontrar com ela no final do dia. Nossa, eu achei aquilo tudo loucura, minha família viria de outra cidade para a colação e de maneira alguma passou pela nossa cabeça em não ser assim.

Perguntei o que ela achava daquilo e ela me disse “normal”, e sorriu.

Eles iriam comemorar, e isso não precisava ser como a gente acredita que deva ser.

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