{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"62240ee12937d6697e228451","updated":"2022-03-07T22:46:28.564Z","created":"2022-03-06T01:31:13.060Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2022-03-07T22:46:28.685Z","likes_count":0,"bookmarks_count":0,"comments_count":0,"score":"2022-03-07T22:46:28.685Z","sharing_title":"A diferença no valor social do dinheiro e vale refeição","sharing_description":"Apesar do dinheiro e o vale refeição serem usados pra comprar bens, os dois são percebidos de forma muito diferente. A diferença está no valor social.","sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/fcb6c20e6c934a0d410d8661e05860bb6439aa83.jpg","tag_ids":["62240ee12937d6697e22844f","62240ee12937d6697e228450"],"author_user_id":"5f7b1f1bdee03102d2c0ad3a","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"62240ee12937d6697e22844f","title":"Vale Refeicao","slug":"vale-refeicao","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"62240ee12937d6697e228450","title":"Valor social do dinheiro","slug":"valor-social-do-dinheiro","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Gabriel no País do Vale Refeição","slug":"dinheiro-e-vale-refeicao","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/fcb6c20e6c934a0d410d8661e05860bb6439aa83.jpg","headline":"Desde criança, minha família estava preocupada com a minha educação financeira. Uma das primeiras lembranças que eu tenho sobre o assunto é de receber dinheiro da minha bisavó em “pratinhas”","main_content":"

Desde criança, minha família estava preocupada com a minha educação financeira. Uma das primeiras lembranças que eu tenho sobre o assunto é de receber dinheiro da minha bisavó em “pratinhas” de 25 centavos, como ela falava. Ela guardava por meses as moedas que recebia pra me dar no aniversário ou no Natal, porque eu era fascinado pelas moedinhas douradas, semelhantes àquelas de desenho animado.

Esse processo de ganhar pequenas quantias dos meus familiares para poder gerenciar minhas próprias compras e rolês continuou até eu completar 18 anos. Logo que entrei na faculdade, consegui um estágio. Por muito tempo, ganhei a bolsa de R$400, que é o padrão pra estudantes que fazem iniciação científica ou participam de um projeto de extensão em uma universidade pública.

Essa trajetória, das moedinhas de 25 centavos até a bolsa de R$ 400, tinha me moldado pra ser sempre controlado com meu dinheiro, até pão duro na maioria dos casos. Isso só mudou quando entrei em um estágio de uma multinacional. Não só o meu salário tinha aumentado, como também o meu dress code (passei a usar sempre camisa social) e o meu estilo de vida. Principalmente, por causa do vale refeição bastante generoso: mais de R$ 30 por dia, na média.

Parei de comer no bandejão pra frequentar os restaurantes self service de balança. Comprar algum docinho de sobremesa virou um hábito. Troquei os lanches trazidos de casa por um salgado ou fatia de bolo da cantina. E os bares “copo sujo” foram prontamente substituídos pelos estabelecimentos mais caros, onde eu podia pagar os drinks no vale. E por causa dele eu também podia me permitir pedir um delivery com mais frequência em casa.

Embora continuasse com o mesmo controle com o dinheiro da bolsa de estágio, o vale refeição era totalmente diferente. Por não poder ser investido ou usado pra comprar diversos tipos de bens de consumo, o vale não era “dinheiro de verdade”. Principalmente, pra mim, um universitário que não pagava as próprias compras de supermercado. No entanto, mesmo sem ser um “dinheiro” de verdade, ele teve um impacto muito real no meu estilo de vida.

Quando consegui um emprego efetivo em outra empresa, passei a ganhar mais, mas ter menos vale. A partir desse momento, o vale passou a ser só o dinheiro do almoço, sem espaço pra sobremesa, drink no happy hour ou delivery quando chegava em casa à noite. E eu não via sentido em gastar o dinheiro tão suado da minha conta corrente nesses “luxos”.

Hoje, moro com meu namorado e trabalhamos de home office. Como dividimos as contas do supermercado e passamos a maior parte do tempo em casa, a prioridade do vale passou de refeição pra alimentação. Ou seja, esse dinheiro mudou de função novamente e se tornou coletivo: a forma de gastá-lo não era mais uma decisão só minha, precisava ser compartilhada com meu namorado.

Tudo isso aconteceu em um tempo de 4 anos. O vale, seja ele refeição ou alimentação, nunca deixou de ser um cartão aceito em estabelecimentos comerciais que vendem comida. Mas o seu significado social se transformou de acordo com cada momento que eu vivi.

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