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Até recentemente, celulares eram os objetos de maior valor que eu já tinha comprado. E também um dos maiores gastos que tive ao longo dos anos, se considerar que a vida útil desses dispositivos na minha mão, em geral, é de pouco mais de um ano. Por exemplo, desde que comprei meu computador em 2015, 5 telefones passaram pela minha mão.

Sou daquelas pessoas que têm dificuldade em deixar o celular de lado por muitas horas. Além disso, gosto muito de fotografia, então ter uma câmera boa foi um fator importante para mim desde a compra do meu primeiro smartphone, em 2013. Antes disso, tinha usado um Android velhinho que meu pai me deu depois de trocá-lo por um S3.

Por estar sempre à mão, é claro para mim como eu agia de maneira deliberada para que esse objeto fosse um mostruário da minha personalidade. Isso começava já na escolha da marca e ia muito além de apenas características funcionais de cada aparelho. Recentemente, comecei a minha pesquisa para comprar um novo dispositivo e fiquei pensando sobre esse processo.

Cada momento, uma marca

Até hoje, sempre tive dispositivos Android justamente por gostar de customizar a interface para além do papel de parede. Instalei sistemas operacionais alternativos, temas, pacotes de ícones, fontes e tudo mais. Além disso, também rejeitava o iPhone por ser um objeto de ostentação, que não tinha o melhor custo-benefício.

Era muito importante para mim que o meu dispositivo mostrasse a minha capacidade de equilibrar todos os fatores que podem ser levados em conta na hora de comparar dois celulares.Comecei gostando da Sony, que tinha boas câmeras e baterias bem duráveis.

Porém, quando o meu aparelho teve um problema e a marca começou a ficar inconsistente nos seus lançamentos, não hesitei em trocá-la pela Xiaomi. E ainda aproveitei o dólar em preços módicos para importar o dispositivo da China. Ótimo custo, mas ganhei a dor de cabeça de reinstalar o sistema operacional para ter acesso aos apps da Google. Cheguei até a testar também um Windows Phone, mas sofri com o mesmo problema de falta de apps.

Fiquei com a marca chinesa um ano antes da bateria começar a se deteriorar. Quando chegou a Black Friday, não resisti e troquei o celular por um Samsung. Sofria com os mesmos problemas de bateria, e depois de um ano a minha mão já estava coçando por um aparelho mais novo. Porém, pela falta de opções no mercado brasileiro (e o dólar proibitivo), dei uma segunda chance à marca com um aparelho um pouco mais premium em 2019.

Esse modelo me serviu muito bem, até começar a ter alguns problemas na tela. Fazer um reparo até seria uma possibilidade, mas o aparelho já parou de receber atualizações e a bateria não dura metade do que quando ele era novo.

Só falta dar nome e sobrenome

Como um grande fã de celulares, a hora de comprar um novo dispositivo deveria ser um momento de alegria, certo? Pena que a dor no bolso não me deixa desfrutar totalmente disso.

Voltei aos meus estudos e comparativos para escolher o meu próximo dispositivo. Nos últimos dias, gastei horas assistindo a vídeos com análises e comparações. Feita a compra, vem aquela ansiedade para saber se fiz a escolha acertada ou não. Quando chega, vem aquela alegria de brinquedo novo em testar a nova interface, as funcionalidades extras, ficar feliz com as horas a mais longe da tomada e as fotos saem ainda mais nítidas.

E não é só a compra do dispositivo em si: costumo passar algumas horas pesquisando capinhas bonitas para importar da China. Quando elas chegam depois de algumas semanas, fico feliz de novo por sentir como se estivesse com um aparelho diferente na mão.

Quando passa um ano, surge aos poucos o comichão para a troca. Às vezes, as atualizações pararam de chegar. Ou a bateria não é mais a mesma e as fotos da câmera parecem muito defasadas. Ou então surge algum problema e o valor do conserto não vale tanto a pena.

Se o dispositivo ainda estiver funcionando, dá pra conferir o valor de revenda e passar pelo stress de conversar com quem se interessar por comprá-lo. Precificar o anúncio já pensando em qual valor vai cair na minha conta depois que eu der um desconto para o comprador pechinchador. Fazer o backup de todos os arquivos e fazer a formatação.

Em todos esses rituais, me preparo para me despedir dessa prótese e receber a próxima interação.

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