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[Entendo que o pesquisador esteve em contato com uma tribo norte americana e suas crenças e cultura. Imagino aqui, no meu mundo, que ele tenha conquistado esse espaço/ tempo para a observação e agradeço a viagem].

Estamos falando do contato dele com os Narcirema, que tem uma economia muito desenvolvida, usa seu tempo para atividades econômicas e atividades rituais mágicas(com foco no corpo humano que é \"repugnante\", debilitado e doente). Esses rituais são praticados em santuários domésticos, de maneira privada.

[Aqui começo a ganhar um brilho nos olhos, e sinto que o pesquisador está me conduzindo para uma cena íntima, dentro da casa das pessoas, para um cenário que desconheço e que começa a ser desenhado].

O ponto focal do santuário é um cofre com poções mágicas receitadas pelos médicos-feiticeiros e ervatários. Não são eles quem fazem as poções. E os Narcirema vão acumulando as pocões ao longo da vida, não se desfazem do que já usaram, rola um acúmulo (crença de que só a presença já é mágica e protege). Embaixo do cofre tem uma pia onde as poções são misturadas com águas sagradas para a lavagem. Os Narcirema têm, com a boca, uma relação de horror e fascínio e ela tem uma influência sobrenatural nas relações sociais. No rito bucal, eles usam cerdas de porco com pó magico, movimento.

[Faço uma associação imediata com escovar os dentes. Armário de escovas, pia, escova, pasta. Eles escovam os dentes? No fundo tem coisas que fazemos igual].

Duas vezes ao ano, visita ao Sacerdote da Boca para uma manutenção mágica. Os ritos envolvem sacrifício, sadismo & masoquismo.

[Dentista? Como será uma cadeira de dentista numa tribo, me pergunto. E peço a mim mesma que siga a viagem tentando não formatar a associação como fim, e sim entender o que mais vem pela frente].

Ele também tem ritos \"exclusivos\": os homens raspam a face com instrumento afiado.

[Isso é tipo fazer barba? Estou curiosa para entender a questão dos pelos da face na tribo e sua função na manutenção das relações sociais].

As Mulheres \"colocam a cabeça num forno 4x por mês pelo ciclo lunar.

[Isso pode ter relação com o ciclo menstrual? O que será esse forno?]

Existe um templo dos Médicos-Feiticeiros, o Latipsoh, onde o médico e um grupo permanente que trajam roupas e toucas específicas. Tem câmaras com leitos para os rituais de purificação. O lugar exige recursos e custa \"dádivas valiosas\".

[Isso é uma dinâmica de hospital, tento não associar, mas é inevitável, e custa caro né?].

As cerimônias envolvem desconforto & tortura. Profissional \"Ouvinte\" que exorcisa os traumas da infância.

[O profissional ouvinte me lembra meu terapeuta e penso: Caramba, até numa tribo as pessoas precisam ser ouvidas e cuidar da saúde mental. Tem coisas do humano que, sendo humano, nos aproximam. Me divirto com a perspectiva de desconforto & tortura pois quem escreveu isso? Me parece inocente].

Eles têm práticas da estética nativa (aversão ao corpo natural) onde gordas ficam magras, magras ficam gordas, ritos para tornar os seios maiores. As de grandes seios são idolatradas. Podem viver entre cidades, recebendo taxas por mostrá-los.

[De novo, penso que humano é humano. Eles têm poções para emagrecer, engordar, aumentar os seios. E as gostosonas podem rentabilizar a brincadeira de mostrar].

Funções de excreção, sexo, são feitas no privado, em segredo. Usam substancias mágicas para evitar gravidez. Parto tem lugar secreto, sem amigos ou parentes. A maioria das mulheres não amamenta os bebês.

[Aqui me pego surpreendida e intrigada. Por que sem parentes? O que tem de feio que tem que ser escondida? Por que elas não amamentam seus filhos? Esse traço me incomoda e sinto um buraco de sentido disso].

Terminado o estudo do texto, começo a redigir esta entrega do desafio, silenciar, brincar com as palavras. Tenho o hábito de ler ao contrário, Americran? E, conforme sigo a leitura, vou me dando conta de que o texto não necessariamente é de uma tribo remota no meio do mato que anda pelada com a cara pintada. Caramba, está falando de que parte de mim? Vou para o Google em busca de imagens da tribo, na verdade quero ver a cara desse santuário (que imaginei dourado com vidrinhos). Não acho isso. Brinco com a palavra Latipsoh e, SIM! HOSPITAL!!!! Como não vi antes? E entendo que não sei se isso saiu de uma tribo. Quem estava olhando quem??? Foi um tribal olhando americanos civilizados (como eu) e narrando? Pensando nas poções mágicas (são remédios? é dinheiro?) e, chegando na parte das mulheres que não amamentam os filhos e todo aquele incômodo, tomei uma congada na orelha. Somos nós?! São as salas de parto!!!! As mamadeiras!!!!!!!! A gente se acha evoluidão e somos bizarros? Estou confusa com a perspectiva da brincadeira. Texto estudado, cabeça virada, missão 01 cumprida.

Crédito da Imagem: Pinterest/ Retratos alienígenas/ http://culturacolectiva.com/retratos-alienigenas/

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