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De volta à série “Histórias para Vestir” (Worm Stories) que está disponível na Netflix e apresenta histórias de pessoas reais com suas peças de roupas mais significativas. O episódio que escolhi foi o primeiro, “Comunidade”, nele as histórias e os personagens têm uma relação diferente com as roupas.

O casal de idosos e uma mulher moram no Resort Cypress Cove, em Kissimme na Flórida, onde existe uma comunidade nudista. Foi lá onde Diane e Paul encontraram a solução para se livrarem do desconforto das roupas e viverem a liberdade de serem aceitos como são. E também onde Niecey encontrou um lugar para se libertar não só das roupas, mas também das expectativas e restrições da sociedade.

Olhando as duas histórias por uma visão etnocêntrica, fazendo um juízo de valor, poderia pensar como a mãe de Diane, quando soube que a filha se mudaria para Cypress Cove, que lá moram pessoas exibicionistas, pervertidas, que só querem diversão, andando sem roupas e mostrando seus corpos sem vergonha.

Mudando o ponto de vista e exercitando o relativismo cultural, olhando pelos olhos de Diane, Paul e Niecey, eu poderia pensar que se existe um lugar onde é possível viver me sentindo bem comigo mesma, sem dar satisfação para ninguém das minhas escolhas pessoais, eu me mudaria para esse lugar em que eu me sentiria aceita, não importando qual o tipo de roupa eu usaria ou se para isso seria preciso viver sem roupas. Foi mais importante e menos desconfortável para esses personagens tirar as roupas do que tentar se encaixar num mundo e nas roupas que não os representavam e sim aprisionavam e restringiam. Como disse Diane todos temos um corpo, então, que mal teria em mostrá-lo sem máscaras?

Mesmo acontecendo um afastamento da família ou de amigos e precisando fazer uma mudança para um local onde é permitido viver assim, já que a maioria da sociedade vive cobrindo o próprio corpo e a prática nudista pode ser interpretada como constrangedora para uns, como também ser motivo de prisão.

O pensamento deles vai além da ideia de usar as roupas para proteger a pele da radiação solar, das temperaturas elevadas e baixas, de produtos químicos, picadas de insetos ou acidentes. Ou de olhar para a indústria de vestuário que hoje oferece tecnologia e permite confeccionar roupas de toque confortável numa ampla variedade de tecidos, modelagens, cores e estampas que podem ajudar a realçar características dos corpos e disfarçar outras. A moda também existe para mostrar quem nós somos ou quem queremos ser e nos apresentarmos diante da sociedade. Distinguindo também classe social, crença, gênero e atividade.

O assunto aqui não é sobre indústria do vestuário ou moda e sim sobre estilo de vida e bem estar. Para Diane, Paul e Niecey, viver sentindo-se pertencente a uma comunidade se mostrou mais importante do que qualquer tipo de tecnologia, julgamento ou preconceito.

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