{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"60316a57a6e7e57a060955b0","updated":"2021-02-22T15:34:35.839Z","created":"2021-02-20T20:00:23.237Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2021-02-22T15:34:36.059Z","likes_count":0,"bookmarks_count":0,"comments_count":0,"score":"2021-02-22T15:34:36.059Z","sharing_title":"Balançando as estruturas de gênero","sharing_description":"Um dos debates mais presentes nos últimos anos é sobre qual é o futuro do gênero. Com tantas mudanças, como ficam as categorias de \"homem\" e \"mulher\"?","sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/71ec90cba3c61f4c62dc572a20022d64f2acfc81.jpg","tag_ids":["5fc7a7c9f33bd62ea0bfd082","6029513b1663ff44054637a9","60316a57a6e7e57a060955ad","60316a57a6e7e57a060955ae","60316a57a6e7e57a060955af"],"author_user_id":"5f7b1f1bdee03102d2c0ad3a","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"5fc7a7c9f33bd62ea0bfd082","title":"Genero","slug":"genero","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"6029513b1663ff44054637a9","title":"agencia","slug":"agencia","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60316a57a6e7e57a060955ad","title":"Estrutura","slug":"estrutura","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60316a57a6e7e57a060955ae","title":"Ativismo","slug":"ativismo","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60316a57a6e7e57a060955af","title":"LGBTQIA","slug":"lgbtqia","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Balançando as estruturas de gênero","slug":"estruturas-de-genero","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/71ec90cba3c61f4c62dc572a20022d64f2acfc81.jpg","headline":"O debate sobre gênero é um daqueles que se tornou impossível de evitar. Está no BBB, quando Lumena fala sobre a forma como alguns dos homens da casa não deveriam","main_content":"

O debate sobre gênero é um daqueles que se tornou impossível de evitar. Está no BBB, quando Lumena fala sobre a forma como alguns dos homens da casa não deveriam usar maquiagem e roupas femininas para fazer encenações jocosas. Está na moda, com suas tendências genderless. Está nas casas, na medida em que a violência doméstica e o feminicídio ganham visibilidade enquanto problemas graves. Está no mercado de trabalho, tanto pelos casos de assédio quanto pela falta de representatividade ainda existente nas lideranças. Enfim, os exemplos são inúmeros.

Quando olhamos para o futuro, a existência de categorias como “homem” e “mulher” parecem fazer cada vez menos sentido. Afinal, a mentalidade difundida entre boa parte da juventude das metrópoles é que não há característica biológica ou social que prevaleça sobre a autodeclaração de um indivíduo. Mas será mesmo que a próxima geração vai conseguir acabar com o gênero?

Entendendo o gênero como estrutura social

A história do gênero é complexa. Afinal, “ser homem” e “ser mulher” já significou muitas coisas diferentes ao longo dos séculos. Já a sexualidade, que aparece sempre ligada de forma íntima com esse tema só foi começar a se consolidar entre o final do século 19 e o início do século 20, quando surgiram categorias como “gay” ou “hétero”. Para outras identidades LGBTQIA+, esse processo só ganhou peso nas últimas décadas.

Esses significados sedimentaram estruturas que guiam nossos comportamentos até hoje. Nas lojas de roupas, ainda temos duas seções separadas até mesmo nas seções para recém-nascidos, que são jovens demais para mostrar qualquer traço de autoidentificação.

Inclusive, se tornou comum celebrar a descoberta do órgão sexual de bebês com “festas de revelação de gênero”. E a partir disso, criamos inúmeras expectativas para o comportamento desse ser que nem mesmo chegou ao mundo.

O gênero está completamente enraizado até na língua portuguesa. Os dicionários marcam substantivos como masculinos ou femininos. Ainda que haja um movimento pela criação de pronomes neutros para deixar a linguagem mais inclusiva, sabemos que isso vai demorar. Afinal, até hoje estamos aprendendo a dominar as regras de acentuação e hífen de um acordo ortográfico firmado em 1990.

A linguagem neutra é um dos exemplos da agência de indivíduos dentro da estrutura do gênero. Claro que essa luta vem após anos de ativismo contra a discriminação, que foi das ruas até às esferas mais institucionais (como a legalização da união estável entre pessoas do mesmo gênero e o uso do nome social).

Ou seja, chegamos ao ponto de contingência em que mudanças linguísticas são uma agência possível. Isso seria impensável em um período no qual as pautas de igualdade de gênero e sexualidade não tivessem alcançado um lugar dentro das instituições. Por exemplo, hoje já existem teses e dissertações sobre linguagem neutra que podem mudar a forma como ensinamos nossa língua nas próximas décadas.

É importante destacar que nenhum movimento social é homogêneo, o mesmo vale para o LGBTQIA+ e o feminista. Essas diferenças internas são causadas justamente pela reflexibilidade dos indivíduos, ou seja, a sua capacidade de avaliar seus próprios interesses e agir para dar mais visibilidade às suas pautas.

Legenda: A arte drag é uma das formas de agência que busca romper com as estruturas do gênero binário. Por meio de performances exageradas, artistas conseguem expor a arbitrariedade existente em certas normas. Foto: acervo pessoal.

Lutando pelo fim de gênero

Mesmo com um aumento da capacidade de agência individual com relação aos papéis de gênero, estamos muito distantes de alcançar o fim dessas estruturas. Por estar tão enraizada na sociedade ocidental, a capacidade dos indivíduos de sair desse vocabulário é muito limitada.

Quando vamos pensar sobre moda, por exemplo, podemos até não categorizar como “roupas de homem” ou “roupas de mulher”. Porém um terno continuará a ter uma carga simbólica masculina, enquanto saias e vestidos estão associadas à feminilidade.

Mesmo entre pessoas LGBTQIA+, as categorias de “masculino” ou “feminino” são prevalentes quando as pessoas dizem da sua identidade. Afinal, quem nunca ouviu falar sobre “gays afeminados”, por exemplo?

Esses exemplos mostram que acabar com as estruturas de gênero está fora da nossa capacidade de agência atual. Porém, pensar em novas possibilidades identitárias está. Por isso tem surgido tantos nomes para identidades que se posicionam em algum ponto do espectro entre o masculino e o feminino.

Mesmo sem essa ruptura total, já há uma desestabilização de grupos mais conservadores. Afinal, comportamentos discriminatórios ou de assédio são cada vez mais compreendidos como inaceitáveis. Por isso, pessoas de outras gerações podem sentir que não se encaixam mais nesse mundo e, em um exercício de reflexibilidade, se voltar ao conservadorismo na tentativa de retomar aquela realidade do século passado.

Esse cabo de guerra com certeza vai continuar pelas próximas décadas. Enquanto houver algum interesse em manter a estrutura ou desestabilizá-la, haverá agência de indivíduos para impor seus interesses.

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Entendendo o gênero como estrutura social

Lutando pelo fim de gênero

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