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No meio da pandemia resolvi pedir as contas.

Quando a pandemia começou eu trabalhava em uma agência de publicidade e estava terminando meu mestrado.

Alguns meses antes já tinha um movimento que gerou para minha família um receio, resolvi virar PJ. Vários foram os questionamentos.

Mas e a sua aposentadoria?

Mas e se você for mandada embora depois? Não vai ter seguro-desemprego.

Você vai ficar instável...

Como trabalhava em uma agência de médio porte tinha mais de uma função e uma delas era o tráfego. Essa função organiza e distribui todas as atividades da agência é uma função bem operacional, mas também demanda a capacidade de lidar com pessoas.

Minha rotina que já era super corrida, com a mudança para o home office, ficou um pouco mais complicada. Além da adaptação a essa nova forma de trabalho, comunicação entre as equipes, dúvidas, transferência de arquivos... O meu cargo tinha a pressão dos diretores de que ninguém ficasse ocioso.

Junto com isso veio a diminuição da carga horária, aprovada por lei, mas sem a redução das atividades a serem entregues. Isso fez com que o número de horas trabalhadas aumentasse consideravelmente e o salário diminuísse.

E eu ainda precisava finalizar minha dissertação e me preparar para a defesa.

Resumindo eu tinha a sorte de poder ficar em casa e me cuidar, mas estava muito estressada e infeliz profissionalmente.

Foram meses de incertezas e adaptação, posterguei algumas datas de entregas no mestrado para dar conta de tudo. Estava renunciando diversas coisas importantes para manter um negócio que nem era meu andando, sem receber retorno nenhum por isso.

Seis meses depois do home office ter começado eu resolvi que iria largar a agência e buscar novas oportunidades.

“Você tem certeza? Espera até a pandemia acabar. É mais garantido encontrar algo”

Muitas pessoas me questionaram se era o momento para fazer esse movimento e se eu não conseguisse outro emprego, minhas reservas e apoio temporário iriam acabar e poderia passar por um perrengue.

Ao pedir demissão recebi contrapropostas e todos esses questionamentos me fizeram repensar. Acabei postergando por mais dois meses antes de me desligar totalmente.

Escolhi a instabilidade, confiei no meu potencial. Fui contra o que muitos indicaram ou o que era esperado que eu fizesse.

Não me arrependo e hoje sou muito mais feliz e realizada.

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