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Assisti ao documentário Fahrenheit 9/11, de 2004, escrito, estrelado e dirigido pelo cineasta estadunidense Michael Moore, e não há como não se impressionar com o que ele mostra. O relato gira em torno dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA, enquanto o país era presidido por George W. Bush.

Não apenas o dia em si, mas o antes e o depois chocam quase que igualmente. Fica claro como um ataque à população pode ser muito vantajoso e próspero para os interesses pessoais de seus governantes.

Antes

Mesmo com todas as emissoras divulgando o favoritismo do oponente Al Gore como eleito presidente em 2000, George W. Bush foi indicado pela Fox, através de seu primo, como ganhador nas pesquisas da Flórida, onde seu irmão era Governador. Também foi fácil tornar a tal vitória em realidade, já que tinha como responsável por sua campanha a mulher encarregada para apuração oficial, que contratou uma empresa para eliminar da lista de votos os que pareciam não estar votando nele (negros, pobres, imigrantes).

Muitas vozes não foram ouvidas na votação por conta dessa manipulação toda. Houve tentativas de provar a ilegalidade de Bush, mas o que fazer quando até a corte é conivente com o crime? Quem decidia se aceitava ou não as acusações eram amigos do pai dele, que por coincidência, tinham muito o que ganhar com sua eleição. Nenhum membro do Senado apoiou as objeções, sendo invalidadas, mesmo com assinaturas de cidadãos e demais departamentos eleitorais.

Assim Bush foi eleito.

Será o fim?

Já na posse os protestos mostravam que sua eleição não tinha sido aprovada pelo povo (pela parcela que com certeza não seria assistida por ele). Fora a dificuldade que teve em nomear juízes e formar sua aliança, já parecendo ruir como presidente sem nem ao menos começar.

A solução? Férias. Esteve ausente por pelo menos 42% do tempo de mandato antes de 11 de Setembro. Sem a mínima intenção de provar nada. Inclusive, no dia antes do atentado ele tinha voltado de férias e estava com seu irmão na Flórida, como se não houvesse um país para governar.

O dia

No momento do ataque, o presidente estava se promovendo em uma escola. Mesmo avisado sobre, ele permaneceu sentado com as crianças, sem nenhum tipo de reação ou atitude a respeito. Será que poderia ter evitado se estivesse realmente ocupando o cargo e funções que ele \"lutou tanto\" para conquistar? Negligenciou verba e preparação adequada para segurança do país? E suas relações não poderiam ter sido mais saudáveis com outros líderes e pessoas influentes? Ou ainda, sua estreita relação com a família Bin Laden pode virar uma ameaça?

Mesmo com a suspeita em cima de Osama Bin Laden, sua família foi retirada com segurança do país, sem passarem por nenhum tipo de investigação. Bush tentou esconder suas relações com os sauditas e em específico com os Bin Laden, que faziam parte de seus negócios há muito tempo. Não queria deixar que fossem investigados e tivesse que explicar seu contato próximo a eles.

Uma grande família

Depois de inúmeras falências e antes de ocupar a presidência dos EUA, Bush conseguiu uma cadeira em uma empresa consolidada com investimento pesado dos sauditas. Mas como pode os donos do petróleo do mundo interessados em investir em uma companhia já falida? Bom, parece mesmo que acesso é poder. Na época seu pai era presidente, então era fácil atrair a atenção e investimento mesmo de locais distantes como a Arábia.

Uma das empresas que lucraram com o 11 de setembro, inclusive, é a The Carlyle Group, empresa que oferecia serviços de segurança, onde os Bush trabalharam e onde os Bin Laden têm sociedade.

Sendo assim, quem o Bush protegeria? 1) a população que paga seu salário como presidente ou 2) os sauditas que investem em seus negócios, amigos e família há anos? Só uma dica: Os árabes possuem cerca de 7% da América e seu embaixador é amigo íntimo do presidente...

A amizade com o Afeganistão vem de longa data. Em 1997, ainda como governador, líderes Talisbã foram negociar a exploração de gasodutos no Afeganistão. Apenas a imprensa britânica cobriu o assunto.

Também aconteceu de um representante Talibã que foi aos EUA em 2003 para amenizar a imagem das relações entre eles, mesmo o Talibã sendo responsável por vários ataques contra bases e embaixadas dos EUA em diversos países.

Depois da tempestade, o sol

O presidente amedrontou o povo e fez com que pudessem seguir qualquer orientação que ele propusesse, falando sobre não estarem seguros, que há modos e alvos desconhecidos para os ataques, entre outros sensacionalismos. Oscilando as emoções e controlando as pessoas por estarem no limite do estresse e alertas a todo momento.

Instaurou-se ainda o Decreto Patriota (mesmo sem o Congresso ter lido o projeto e poder rever alguns pontos importantes e conflitantes), onde pessoas que se pronunciavam contra o governo começaram a ser denunciadas. O FBI começou a investigar “espiões” na sociedade. Ao mesmo tempo os oficiais de polícia sequer foram orientados sobre como lidar com terroristas.

Era claro que estavam com todas essas ideias totalitárias guardadas, e quando veio o atentado começaram a receber aprovação dos cidadãos amedrontados para coloca-las em prática.

Entregaram um show (de horrores)

Após 11 de setembro, foram empossados novos e estratégicos nomes que representariam os EUA nos negócios com gasoduto. Bush fez com que a guerra no Afeganistão e Osama fossem esquecidos e que o Iraque fosse visto como culpado pelos atentados.

Após um ano apresentando justificativas para atacar o Iraque, falando sobre armas químicas e bombas nucleares que eles escondiam, é claro que as pessoas ficariam ao lado dele.

Em 19 de março de 2003 o exército norte americano invadiu o Iraque, que nunca os atacou e nem sequer ameaçou ataca-los. Os soldados agiam como se estivessem em um jogo, matando pessoas como se fossem nada, eufóricos e ouvindo música. Os EUA em guerra como se o inimigo tivesse alguma condição de revidar, como se fossem perigosos.

Criaram uma oposição e uma linha de combate eletrizante sendo mostrada na TV, com uma imprensa bem tendenciosa. Mas os soldados dos EUA mortos não eram mostrados, apenas as vitórias e festas de comemoração de quem estava feliz e seguro, longe da guerra.

O golpe tá aí...

Com tantos soldados mortos e precisando de mais mão de obra, o Governo começou a recrutar pessoas vulneráveis e que não teriam outra opção a não ser entrar para a linha de frente na guerra. Venderam o exército como boa opção, com viagens pelo mundo, estudo, alimento, emprego, honra. Detalhe: os congressistas que são a favor da guerra não enviaram seus filhos.

O presidente mandou meninos para a guerra baseado em uma mentira. Os soldados nem sabiam o motivo de estarem lá. Foram enviados para ajudar, mas não entendiam como isso era possível se a única coisa que faziam era matar pessoas inocentes.

A liderança muito o apoio da comunidade que se alistou, mas cortou todo tipo de ajuda aos combatentes veteranos. Há muitos feridos e amputados pós guerra sem nenhum tipo de suporte. As famílias que perderam seus filhos, pais, irmãos... totalmente sem apoio. Enquanto isso, os investimentos do presidente e seus aliados continuaram crescendo e recebendo incentivo.

Guerra é pop

Conseguiram invadir e enfraquecer o Iraque, construíram uma imagem de salvadores, justificaram o investimento (exploração) em solo iraquiano para que a morte dos que participaram conscientes ou inconscientemente da guerra não fosse em vão... deu tudo certo, não é mesmo?!

Então a guerra não é tão ruim assim! Afinal, o saldo foi bem positivo: a hierarquia dos líderes se manteve, as relações entre famílias poderosas se manteve saudável, com os mesmos protagonistas em seus lugares de privilégio, e a sociedade continua às bases da pobreza e ignorância como devem ficar.

Photo by Herry Sutanto on Unsplash

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