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Todas as sextas-feiras, acontece a feira de orgânicos da Praça Santos Dumont, no bairro da Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. A feira acontece entre as 7h e as 15h. Diversos feirantes se reúnem para vender frutas, verduras, peixes frescos, queijos, temperos, doces e flores. Há também uma barraca que vende pastel frito. A feira ocupa a parte interna da praça, de frente para os prédios. Se estende por uma faixa sinuosa da via local, interditada para carros às sexta-feiras durante a sua ocorrência. Prolonga-se por cerca de 400m, indo de uma ponta a outra da praça.

A feira é frequentada principalmente pelos moradores da região - é possível notar que a maioria chega e vai embora andando, sinalizando morar a uma distância possível de ser percorrida a pé. Alguns levam as compras em sacolas na mão, outros preferem levar as sacolas em carrinhos com rodinhas. Uma minoria, entre eles homens jovens, chega e sai de bicicleta.

Ao entrar na feira pelo extremo da praça mais próximo ao Jardim Botânico, depara-se imediatamente com a barraca de pastel. O cheiro de óleo é perceptível. Localizada na \"ponta\", a barraca serve como um quiosque de lanches, vendendo pastel frito e refrigerante. O público é ligeiramente diferente daquele do resto da feira: são pessoas que trabalham na região e vão almoçar pastel, pais com crianças saindo da escola, jovens a passeio. Não estão necessariamente na feira para comprar frutas e verduras, como a maioria, mas sim especificamente para comer pastel (percebe-se pelas roupas e ausência de sacolas).

Próximo ao pastel, há barracas de laticínios e a barraca principal de peixes frescos. Nesse trecho, o cheiro de pastel é substituído pelo cheiro de peixe. O asfalto fica molhado devido ao gelo usado para conservar os peixes, que terminam derretendo. Devido ao cheiro e água no chão, só para ali quem necessariamente deseja comprar nessa barraca.

Avançando um pouco mais, inicia-se a sequência de barracas de frutas e verduras, o foco da feira. Os cheiros aqui são mais sutis, mas a presença humana é mais intensa. As barracas estão dispostas dos dois lados da via e seguem um certo nível de organização e higiene - não se vê lixo espalhado ou itens caídos no chão.

Há barracas menores e maiores. É possível encontrar uma oferta variada de frutas e verduras. Algumas também vendem água de coco, queijos, molhos e outros temperos. As barracas de flores estão localizadas na outra ponta, já no final da feira.

É possível ouvir música da rádio de alguma barraca, conversas entre feirantes, burburinhos típicos de feira e barulho do trânsito, que termina ficando mais lento na praça em função da presença das barracas.

Os feirantes homens costumam abordar quem passa, convidando a olhar as opções da sua barraca e tentando atraí-los. Geralmente dão \"bom dia\" e perguntam se você quer alguma fruta ou verdura. Nota-se que as feirantes mulheres, que são minoria, não costumam adotar essa abordagem mais direta. Costumam falar apenas com os clientes que já se aproximaram de suas barracas. A maioria dos feirantes usa máscara, embora muitas vezes ela esteja no queixo ou mal posicionada.

É possível perceber um certo grau de familiaridade entre alguns clientes e os feirantes. Acontece de chamarem-se pelo nome ou fazer perguntas como \"Como estão os meninos?\". Outro tipo de interação comum entre feirantes e clientes é a negociação de preços. É comum tirar dúvidas e pechinchar. As interações, no entanto, tanto entre clientes e feirantes quanto entre os clientes, termina ficando restrita a poucas palavras devido ao contexto da pandemia.

Nota-se que as interações mais intensas são aquelas que ocorrem entre os próprios feirantes, que parecem se conhecer e ter intimidade por estarem ali todas as sextas-feiras. Brincam uns com os outros, falam que um está devendo dinheiro ao outro, pedem café, trocam dinheiro, fiscalizam as barracas uns dos outros, etc.

A maior parte dos clientes é composta por adultos, brancos, de classe média e média alta, acima dos 30 anos. São exemplares do perfil socioeconômico do bairro em questão. Vestem roupas leves, máscara e, alguns, óculos de sol. Alguns levam sacolas recicláveis ou carrinhos, principalmente os clientes mais idosos. É possível ver também algumas crianças acompanhando os pais. As pessoas se comportam como se estivessem cumprindo uma atividade rotineira e objetiva; dirigem-se a algumas barracas e não se demoram escolhendo ou decidindo o que comprar. Agem como se já conhecessem o ambiente e estivessem acostumam a essa experiência.

Por volta das 15h, os feirantes começam a desmontar suas barracas e organizar os caixotes e as sobras dos alimentos. Nessa altura, também chegam os garis da prefeitura para fazer a limpeza.

A feira caracteriza-se por um acontecimento rotineiro na praça, local que é um ponto de encontro no bairro da Gávea. Há um clima de familiaridade e cordialidade, como se tanto os feirantes como moradores se beneficiassem da sua ocorrência.

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