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Em meio ao \"aniversário\" de um ano da Pandemia, do já não NOVO Coronavírus, entrei em contato com a obra do antropólogo Marcel Mauss, \"Sociologia e Antropologia\". No capítulo intitulado \"As Técnicas do Corpo\", o autor defende que os movimentos do corpo humano são moldados pela cultura, ou seja, são ensinados por meio do convívio social. Assim a cultura de cada sociedade estabelece qual o modelo de comportamento esperado de acordo com cada situação, e de acordo com características do indivíduo, como posição social, gênero, faixa etária, religião etc.

No Brasil, consagrado como “País tropical, bonito por natureza” valorizamos o culto ao corpo, o chamado fitness/welthness. Uma filosofia de que um corpo definido, trabalhado pela musculação/aeróbica, é sinal de bem estar, de saúde. Porém, como seguir com a rotina de exercícios, e exposição corporal, quando o mais indicado, para a sobrevivência dos não negacionistas, é seguir os protocolos estabelecidos pela OMS, de ficar em casa, evitar aglomerações, usar máscara e higienizar constantemente as mãos.

Basta observar os impactos destas recomendações em nosso vestuário. Saem as roupas justas, que marcam o contorno do corpo e entram os pijamas e as calças de moletom. Os sapatos de salto-alto ou mocassins, vão para o fundo do armário, e dão lugar aos brasileiríssimos chinelos de dedo.

Como a maioria dos encontros passou a ser mediado por uma tela, a maneira que nos exibimos para o mundo, mais do que nunca, se torna editada. O filtro certo, no ângulo certo, com o acessório exato são mais eficazes que horas de academia. Temos a possibilidade de manipular nossa persona. Os debates sobre corpos reais, tendem a ganhar mais força, e me arrisco dizer que ostentar uma \"barriguinha\" no Instagram, ganha mais força em um contexto em que os preços dos alimentos disparam.

Essa inflação alimentar é um fenômeno global, decorrente do estrago que a pandemia produziu nas cadeias de produção. Segundo dados do Ministério da Cidadania, 39,9 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza no Brasil, número que supera a população inteira do Canadá. Durante a pandemia, a situação dos brasileiros piorou muito, principalmente para quem já vivia em situação de pobreza.

Será que em um futuro de massas desnutridas teremos o retorno dos padrões de beleza renascentistas, em que quilos a mais significavam saúde?

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