{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"60873609094ce854bfffca93","updated":"2021-04-27T05:30:13.809Z","created":"2021-04-26T21:52:09.132Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2021-04-27T05:30:13.986Z","likes_count":1,"bookmarks_count":1,"comments_count":0,"score":"2021-04-27T06:30:13.986Z","sharing_title":"Tão perto, tão diferente (ou nem tanto)","sharing_description":null,"sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/e2c492fdf275be9bfdc103464c0dde7a02901ef9.png","tag_ids":["5f8ce35381b1363685a631c0","5fa9ee9ac872fe6d272ecf9b","60873609094ce854bfffca91","60873609094ce854bfffca92"],"author_user_id":"602d1c762bf5e331e5faab8b","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"5f8ce35381b1363685a631c0","title":"estranhamento","slug":"estranhamento","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"5fa9ee9ac872fe6d272ecf9b","title":"aula 4","slug":"aula-4","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60873609094ce854bfffca91","title":"descobrir o outro","slug":"descobrir-o-outro","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60873609094ce854bfffca92","title":"ferramentas","slug":"ferramentas","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Tão perto, tão diferente (ou nem tanto)","slug":"tao-perto-tao-diferente-ou-nem-tanto","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/e2c492fdf275be9bfdc103464c0dde7a02901ef9.png","headline":"O ano era 2006 e fui com algumas amigas fazer um mochilão passando por Chile, Bolívia e Peru. Depois de conhecer o Deserto do Atacama, atravessamos a fronteira entre Chile","main_content":"

O ano era 2006 e fui com algumas amigas fazer um mochilão passando por Chile, Bolívia e Peru. Depois de conhecer o Deserto do Atacama, atravessamos a fronteira entre Chile e Bolívia de carro pelo Salar do Uyuni.

Para seguir até La Paz, quebradas que éramos, resolvemos pegar um trem e depois um ônibus. Compramos os assentos mais baratos do trem que, segundo nos falaram, era como os locais viajavam. Achamos que a experiência seria legal - e sendo bem sincera, os assentos turísticos nos custariam algumas cervejas a mais de diferença. Prioridades da juventude de 20 anos.

O trem partiu e uma das minhas experiências mais memoráveis começou.

Nosso vagão era mesmo o que tinham nos falado: poucos turistas e bancos e corredores tomados por passageiros, em sua grande maioria cholas, mulheres das etnias indígenas locais. Eu já tinha visto essas senhoras, mas talvez nunca tão à vontade, em seu ambiente “natural”.

Foi durante uma parada que o trem fez na metade da viagem que um episódio específico me impressionou - foi difícil acreditar no que via.

Estávamos em um tipo de posto de estrada, para o lanche e a ida estratégica ao banheiro. Até olhei pela janela, procurando pelo banheiro e considerando se eu deveria aproveitar a parada. Mas não vi nada que parecesse um banheiro químico que fosse.

Então notei que as cholas saíam do trem e se afastavam um pouco da aglomeração de vendedores e passageiros. Elas então se agachavam e, uns segundos depois, saiam deixando para trás uma pocinha de água. Protegidas por suas polleras, aquelas saias longas e volumosas, elas urinavam ali mesmo, no chão.

Na hora minhas amigas e eu nos olhamos, sem acreditar. Estamos acostumadas com homens urinando publicamente, é quase “normal”. Mas mulheres, ali no meio de todos? Sem nem um lencinho para se limpar? A primeira coisa que pensei foi na higiene, se o xixi estaria escorrendo pela perna, pela roupa. Elas não deveriam nem estar usando calcinha, se foi tão rápido. E aquele xixi todo pelo chão, as pessoas passando, pisando, as próprias saias delas arrastando no chão e esbarrando nas poças pelo caminho. Será que elas não tinham vergonha de fazer aquilo? Não entendi porque não se iam para um lugar mais reservado, talvez mais limpo.

Estávamos quase comprando umas comidinhas que algumas senhoras estavam vendendo pela janela. Mas só de pensar que elas poderiam ter feito a mesma coisa, alguns minutos antes, acabamos desistindo.

A viagem seguiu e até vimos coisas parecidas depois, mas essa lembrança fica até hoje comigo.

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Foi durante uma parada que o trem fez na metade da viagem que um episódio específico me impressionou - foi difícil acreditar no que via.

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