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Sempre gostei de colecionar objetos dos mais diversos tipos. Talvez por ter uma natureza um pouco acumuladora, ou por já saber de alguma forma sobre o poder que essas coisas têm sobre mim. Mesmo assim, só depois de adulto que passei a ter uma visão mais deliberada sobre as minhas coleções.

Ainda na infância, comecei a juntar revistas Recreio. Até pouco tempo atrás, elas ainda estavam na minha casa, escondidas em um canto do meu guarda-roupa. Tudo começou por causa das miniaturas que acompanhavam cada publicação. Depois, fui criando o hábito de ler as reportagens, que traziam indicações de games e desenhos animados. Ali estava se formando a minha identidade nerd, que carrego de alguma forma até hoje e influenciou todas as coleções que cultivaria dali pra frente.

Ao longo dos anos, sempre fui alternando entre as categorias de objetos de desejo da vez. Jogos, mangás, CDs, livros, camisetas estampadas… Todos se acumulam às dezenas nas minhas gavetas e prateleiras. E percebo que grande parte desse consumo tem também um aspecto aspiracional: por meio dessas compras, queria delinear quem eu gostaria de ser ou como gostaria de ser percebido.

Durante a minha adolescência, por exemplo, perdi a conta de quantos livros da Penguin Classics eu cheguei a comprar. Não só porque eu queria lê-los (afinal, a biblioteca da minha escola tinha boa parte daquele catálogo), mas também porque eu sentia que ter aquelas obras à minha volta dentro da minha casa me ajudariam a alcançar um certo patamar ideal de erudição.

Ao mesmo tempo, eram livros muito baratos, então eu conseguia comprar vários com o dinheiro da mesada. Adquiri tantos que muitos deles estão na minha estante sem nunca serem lidos. Mas continuam ocupando esse espaço porque tenho a aspiração de um dia poder falar que li aquele livro. Mesmo depois de passar a maioria das minhas leituras para um e-reader, continuei a comprar livros físicos.

Da mesma forma, eu comprava CDs, apesar de só escutar música em formato digital. Essas compras só tinham uma finalidade: me encaixar dentro da identidade de fã daquele artista ou registro. E até hoje mantenho a minha coleção, apesar de assinar serviços de streaming há anos.

Mesmo com o passar dos anos, continuo mantendo as minhas coleções “abandonadas” comigo. Apesar de não comprar itens novos com a mesma frequência, continuo a nutrir um carinho por esses objetos e a ver neles pedaços da minha história.

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