{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":1,"content":[{"id":"619c1dc339436640480ffe1a","updated":"2022-01-07T21:49:16.615Z","created":"2021-11-22T22:46:27.242Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":false,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2021-11-29T18:27:33.179Z","likes_count":1,"bookmarks_count":0,"comments_count":1,"score":"2021-11-29T19:57:33.179Z","sharing_title":"Segmentação, contradição e aceitação","sharing_description":null,"sharing_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/f/images/6c91d405473ac71d74f7ed06346425feb627b5bd.png","tag_ids":["60af9e379efdfc25e69055d7","60bbefb0d5fbed5190afd76f","619c1e02e5673860bedb91a3","619c1e02e5673860bedb91a4","619c1e4577107a506597804b"],"author_user_id":"602d1c762bf5e331e5faab8b","moderator_user_id":"5f8ddcae6452e87432b42d25","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"60af9e379efdfc25e69055d7","title":"segmentar","slug":"segmentar","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"60bbefb0d5fbed5190afd76f","title":"Pierre Bourdieu","slug":"pierre-bourdieu","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"619c1e02e5673860bedb91a3","title":"IS5","slug":"is5","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"619c1e02e5673860bedb91a4","title":"classificar","slug":"classificar","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"},{"id":"619c1e4577107a506597804b","title":"stuart hall","slug":"stuart-hall","project_id":"5f1ae31a2b397e299b74e383"}]},"content":{"title":"Segmentação, contradição e aceitação","slug":"segmentacao-contradicao-e-aceitacao","cover_image":"https://5f1ae31a2b397e299b74e383.redesign.static-01.com/l/images/6c91d405473ac71d74f7ed06346425feb627b5bd.png","headline":"Encontrar um grupo de pessoas com interesses em comum é algo que vemos sempre, seja no trabalho, na escola, em qualquer círculo que frequentamos. Um movimento que ajuda a nos","main_content":"

Encontrar um grupo de pessoas com interesses em comum é algo que vemos sempre, seja no trabalho, na escola, em qualquer círculo que frequentamos. Um movimento que ajuda a nos situarmos, encontrarmos nosso lugar em grupos determinados e entender onde estamos no mundo, quem são nossos pares, nos ajuda a pertencer.

Ao mesmo tempo, também ajuda a sociedade a criar classificações e, assim, se entender. Porque sim, as pessoas gostam de criar caixinhas e essa classificação é a base da criação de identidades dentro de qualquer sociedade. Através da diferenciação (uma comparação de características em relação a outras características) e da hierarquização (colocando uma como mais relevante em relação a outra, dependendo do contexto), se dá a construção social que é a segmentação.

Eu faço segmentações dentro de certos círculos que frequento, admito, mas nunca parei para pensar a fundo como eu sou classificada. Imagino que eu entre em vários grupos, mas começando pelas classificações mais tradicionais, as sociodemográficas, posso ser classificada em relação a gênero, idade, estado civil, local de residência e classe social. Isso porque sou mulher cis gênero, na faixa etária de 36 a 40 anos, casada, moradora de São Paulo e, pela quantidade de cômodos e eletrodomésticos da minha casa, pertencente à Classe A.

Já pensando como Pierre Bourdieu, que trouxe o conceito das dimensões simbólicas de classe, posso estar dentro de uma outra estratificação social. Se para Bourdieu nossa posição social é determinada pelo volume de capital acumulado ao longo de nossa trajetória, então minha identidade pode ser composta assim:

Meu capital cultural é composto pela educação que tive em boas escolas, que me ajudaram a entrar em uma universidade pública e fazer um MBA. Não possuo uma vida pública que possa me atribuir grande capital simbólico fora do meu círculo, mas ao longo da vida tenho criado relações pessoais e profissionais relevantes, construindo um capital social forte. Já meu capital econômico foi sendo montado por anos de trabalho com carteira assinada e colocando em prática os ensinamentos do meu pai de manter uma reserva de emergência.

Essa é minha diferenciação, os capitais que acumulei e que comparados aos de outras pessoas, nos aproximam ou distanciam. A hierarquização vai depender de cada contexto. Num ambiente de entrevista de trabalho, talvez meu capital cultural me coloque algumas posições acima, enquanto em um ambiente social, uma festa, meu capital simbólico possa me alocar mais abaixo.

Em paralelo, considerando um viés de consumo, são outros os segmentos, a que posso fazer parte - os públicos-alvo de produtos, serviços, marcas etc. Essas classificações vão além e são em interesses, gostos e outros comportamentos que criam intersecções ainda mais diversas entre mim e as outras pessoas .

Minha preocupação com menor impacto ambiental e geração de resíduos me coloca em um nicho no que se refere ao consumo de produtos de higiene e limpeza, cosméticos e vestuário. Por outro lado, meu consumo semanal de delivery, e a quantidade de hamburguerias na minha lista de favoritos, facilmente me colocariam como público-alvo de posts patrocinados de perfis de lanchonetes no Instagram (o que de fato sou...).

Pode ser um pouco contraditório amar hambúrguer e me preocupar com meu impacto ambiental? Pode. Mas como diz Stuart Hall, as identidades sociais da pós-modernidade são multifacetadas. Ou seja, temos diversas “faces” que vamos acessando de acordo com as circunstâncias em que nos encontramos. Às vezes essas contradições podem nos incomodar, mesmo sabendo que é difícil ser 100% coerente. E talvez seja por isso que eu também faço parte do grupo de pessoas interessadas em temas ligados a autoconhecimento, terapia e desenvolvimento pessoal.

Foto: Unsplash/Bonstons Public Library

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Meu capital cultural é composto pela educação que tive em boas escolas, que me ajudaram a entrar em uma universidade pública e fazer um MBA. Não possuo uma vida pública que possa me atribuir grande capital simbólico fora do meu círculo, mas ao longo da vida tenho criado relações pessoais e profissionais relevantes, construindo um capital social forte. Já meu capital econômico foi sendo montado por anos de trabalho com carteira assinada e colocando em prática os ensinamentos do meu pai de manter uma reserva de emergência.

Foto: Unsplash/Bonstons Public Library

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