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Gosto é igual a …, cada um tem o seu!

Gosto é igual a …, cada um tem o seu!
Michel Alcoforado
ago. 19 - 2 min de leitura
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Quem nunca ouviu a frase: gosto não se discute? 

Realmente, não se discute. Se aprende. 

Os gostos são construídos socialmente, não algo que nascemos tendo. Quando criança, a gente aprende a ver o mundo pelos olhos da nossa família. 

Isso significa que somos moldados por elementos externos. Uma criança do interior tem gostos diferentes de uma criança da cidade grande. Aprendemos a gostar das coisas, de acordo com os contextos em que vivemos. 

Ser de determinada classe social pode determinar muito dos seus gostos. E isso a nossa sociedade faz questão de intensificar. 

Pierre Bourdieu, sociólogo francês, observou o comportamento das classes sociais ao usar o gosto como elemento fundamental para a diferenciação. 

Observemos as pessoas das classes superiores. Elas passam os gostos refinados de geração em geração, como se fosse uma herança. As roupas de marca, os carros, as jóias e as mansões são apenas a pontinha do iceberg.  

A sociedade determina o que é de bom gostou ou não. Música clássica, sim. Funk, nem tanto. Pagar centenas de reais em pratos minúsculos ou em ovas de peixe é chique. A "ralé" gosta de um PF de barzinho de esquina.

E isso a gente aprendeu, não nascemos gostando disso ou daquilo.

Não é a toa que os ricos insistem em manter esses padrões absurdamente caros para ficarem o mais longe possível dos pobres, eles querem se distinguir. Até que a produção em massa permita que todas as classes tenham acesso a alguns de seus gostos. 

É aí que o pesadelo da alta burguesia começa. 

O povo passa a copiar a elite. Frequentar os lugares. Voar de avião, ir em shopping. Quando conseguiram chegar em Paris, o caos foi decretado de vez. Os ricos tiveram que mudar as férias de julho para a Indonésia. 

Esse é o  jogo da invenção e imitação. Os chiques precisam criar novos gostos para se diferenciarem. Não é a toa que o perfume da Victoria's Secret virou cheiro de pobre. Ou que a bolsa da Louis Vuitton é vendida em barraca. 

A classe que copia quer se aproximar de quem quer ter distância dela. Quando conseguirem popularizar os novos hábitos, o ciclo começa todo de novo.


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