Na aula 8, aprofundamos o conceito de alteridade e vimos que ela pode ser tanto distante quanto próxima. Para explorar as complexidades de um trabalho de campo, fomos estimulados a assistir a documentários e escrever sobre eles. Minha escolha foi a série documental “Amor e Sexo pelo Mundo”, protagonizada pela correspondente internacional da CNN, Christiane Amanpour.
Lançada em 2018 e disponível na Netflix, essa série conta com seis episódios, filmados em Tóquio (Japão), Délhi (Índia), Beirute (Líbano), Berlin (Alemanha), Acra (Gana) e Shangai (China). Em cada um deles, Amanpour entrevista homens e mulheres, mostrando como o amor e o sexo são vivenciados nas diversas culturas. Após trabalhar durante muito tempo cobrindo a vida política e conflitos ao redor do mundo, a jornalista decidiu voltar seu olhar para dentro das casas e da intimidade das pessoas.
No episódio filmado na Índia, vemos que os casamentos arranjados ainda são muito comuns. Embora Délhi seja uma das cidades mais modernas do país, o relacionamento dos casais costuma ser regido pela tríade: família, tradição e religião. Existe um certo movimento rumo à adoção de hábitos mais liberais envolvendo, por exemplo, o casamento mais tardio para as mulheres e a liberdade de escolha dos parceiros (as). Entretanto, os laços matrimoniais, em geral, são definidos pela estrutura de castas e pela religião.
A intimidade ainda é um conceito relativamente novo para os jovens indianos. O aplicativo Tinder tem sido um sucesso no país, principalmente entre as mulheres, abrindo novas oportunidades para o flerte e para a escolha dos parceiros. Nesta cultura extremamente conservadora, registram-se muitos casos de assédio e agressão de homens contra as mulheres, que se sentem amedrontadas de andar sozinhas em determinados horários e locais. No documentário, Amanpour interage com um grupo de mulheres motociclistas que encontrou nesse hobby uma saída para o empoderamento feminino, abraçando sua liberdade de ir e vir.
Os casais indianos não costumam manifestar seu afeto em público. Muitos deles se conhecem apenas durante os preparativos para o casamento. Todas essas restrições obrigam alguns jovens a procurarem organizações como a Love Commando, que oferece apoio e abrigos temporários para que eles possam iniciar uma vida a dois longe dos olhos e da influência das suas famílias.
Essas formas de vivenciar o amor e o sexo observadas em Délhi nos causam uma profunda estranheza, representando um exemplo de alteridade distante. Somos estimulados a buscar entender um pouco mais sobre essa cultura tão diferente da nossa.