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O primeiro salário e o seu ritual de retorno

O primeiro salário e o seu ritual de retorno
Renata Sampaio
jan. 12 - 2 min de leitura
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As pessoas, no geral, têm muitas ambições e o primeiro salário pode significar, no imaginário do trabalhador da classe média, o início de várias conquistas. A maneira como as pessoas fazem uso desse dinheiro comunica o que é importante para elas.

Esse é um ritual que tem seus preparativos, pois antes mesmo do dinheiro chegar, ele tem um destino pré-determinado: seja para retorno deste capital ou para engrandecimento do indivíduo. Quando é para primeira opção, é como forma de retribuição daqueles que investiram tempo, esforço e dinheiro para que tal acontecimento pudesse chegar. Já na segunda opção, ele é aplicado para conquistar algo que é objeto de desejo há muito tempo e claro, até para algo que dará um retorno. Um tênis, um celular, um computador e vários outros pertences. 

De qualquer forma, o primeiro salário é uma conquista que sofre transmutações, mas que sempre fica com o indivíduo. Ou seja, ele se transforma no bem que é adquirido e por mais perecível que seja, ele não se finda em uma lembrança. O ritual do primeiro salário marca o indivíduo de tal forma que os outros salários se tornam quase que ordinários.

As pessoas não lembram necessariamente do 30º salário e sim do bem adquirido e do aspecto social que esse bem traz consigo: primeiro carro, casa e afins. É indiscutível como o 1º tem um significado diferenciado e depois dele, podem até existir outros de lugares diferentes ou de valores diferentes que representam um indicativo de sucesso e são capazes de reafirmar para o indivíduo o seu valor na sociedade ou no mercado que atua, mas as primeiras conquistas vindas com o primeiro salário original estarão fincadas na lembrança como o marco inicial.

Este ritual é capaz de determinar o que ou quem tem relevância para o indivíduo e mais do que isso, comunica o caráter do mesmo: se é benevolente, agradecido, sábio, esforçado e pensa no futuro e por aí vai. Porém, independente do destino, há sempre uma lógica de retorno aplicada, que pode ser um investimento a longo prazo, perecível, sentimental, mas que sempre será social, pois como todo ritual também comunica valores, símbolos e ideias importantes para alguém ou para uma sociedade.


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