Moro em Israel tem mais de 1 ano e estava sentindo muita falta de dançar música brasileira. Com a pandemia e as medidas restritivas, visitar o Brasil é quase impossível, portanto, comecei a procurar lugares que tocassem música brasileira.
Depois de comentar com uma amiga minha carioca que também mora aqui sobre a minha vontade, achamos uma aula de dança de pop brasileiro. As aulas acontecem uma vez por semana, em uma praça publica no meio da cidade de Tel Aviv.
Quando estávamos chegando na nossa primeira aula, escutamos de longe Anitta e vimos um grupo de pessoas fazendo movimentos que eu conheço, bem familiares. Sabia que estávamos no local certo.
Me apresentei as pessoas e ironicamente, eu e minha amiga éramos as únicas "gringas" do grupo. Todas eram israelenses, inclusive as professoras. E fiquei intrigada em como israelenses sabiam "balançar o popozão" como uma brasileira, movimentos tão familiares, músicas tão familiares em um ambiente exótico.
Para entender o porquê elas sabiam tão bem o movimento, ao decorrer da aula, tive que ressignificar o que era exótico e o que era familiar para mim naquela situação. As professoras "dividem" cada movimento do corpo em etapas, primeiro ensinam como mexer as pernas, depois os braços e por último o bumbum. Eu fui aprender a dançar um pancadão pela metodologia delas e foi super difícil! Eu simplesmente não conseguia dividir meu corpo, o bumbum ia naturalmente com as pernas e os braços. Ou seja, movimentos que antes eram tão familiares para mim, naquele momento, se tornaram extremamente exóticos por conta da metodologia criada. Mas, incrivelmente, para todas as outras mulheres, aquele processo estava funcionando!
Eu que sempre fui acostumada a ser uma das melhores na classe de “lambaeróbica”, fiquei durante toda a aula tendo que reaprender todos os movimentos que eu achava que sabia desde que me entendia por gente. Tudo aos comandos de duas gringas que só falavam em hebraico, tendo que dividir meu corpo em partes ao som de funk, sertanejo, brega-funk e axé.