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É crédito ou débito?

É crédito ou débito?
Icaro Ferracini
mar. 8 - 2 min de leitura
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Entendemos na última aula o conceito de fetiche, trazido por Bruno Latour, que explora a relação que temos com um objeto ao qual cultivamos e atribuímos um poder mágico ou sobrenatural. E vimos o exemplo do celular e como existem vários apps que "magicamente" funcionam sozinhos e permitem nosso acesso a coisas além de nosso alcance.

Acredito que um outro objeto que possui essa característica seja o cartão de crédito.

Fisicamente é apenas um pequeno pedaço retangular de plástico, mas o cartão de crédito nos dá "poderes" para acessar outras coisas de uma forma muito simples, rápida e prática, como se fosse mágica.

Cultuamos esse objeto e sempre mantemos ele por perto, geralmente nas nossas bolsas e carteiras e, muito raramente, não está conosco quando saímos de casa. Até quando não temos o objetivo de comprar nada, somente ir ali pertinho e já voltar, ele nos acompanha.

O seu uso é comum e poderoso ao mesmo tempo, pois com ele podemos comprar sem ter o dinheiro físico em mãos, como se usássemos um dinheiro virtual ou "mágico", um dinheiro que nunca vimos, é uma transação invisível ali. Outra possibilidade é dividir o valor do pagamento como desejarmos, podemos pagar o valor total agora ou num futuro que pode ser daqui seis meses, um ano, dois anos... Somente esse objeto permite essa flexibilização. Os próprios vendedores muitas vezes estimulam os consumidores ao falar "fazemos no cartão também, em até X vezes, sem juros".

E por trás disso tudo, poucas vezes imaginamos o que acontece nos sistemas que fazem essa "mágica" acontecer como o banco, a análise de crédito, os fatores de segurança, os algoritmos que estão mapeando essa compra para traçar nosso perfil, o sistema que está intermediando nosso cartão e o local que está vendendo... Tudo isso é tão invisível que esses sistemas trabalham o tempo todo e nem percebemos.

Então, pensando nisso, só posso concluir que sim, nós também depositamos nossas crenças e temos fetiches em objetos que criamos, e acabamos nem percebendo esses comportamentos.


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