O texto O RITUAL DO CORPO ENTRE OS NACIREMA, do Horace Minner apresenta uma série de rituais e sociabilidades de uma tribo tão distante e tão próxima da nossa sociedade contemporânea com diversos detalhes que aprendemos a naturalizar ao longo do tempo.
O cotidiano dos Nacirema é uma chave de compreensão de nós mesmos, nos faz compreender e ao mesmo tempo estranhar a forma que nós construímos a sociedade, as nossa relações nesta sociedade seja com a forma de vida, seja com as formas de trabalho dentro dessa vida que passamos a naturalizar com o tempo.
Estão presentes no texto uma forma de vida que inicialmente causa estranhamento pois nos coloca em lugar de observadores e de experimentadores (talvez o melhor seria experienciadores) desta forma de vida. Uma forma tão arcaica quanto contemporânea. Estamos inseridos de forma íntima com a magia assim como os Nacirema que a utilizam como método de muitos rituais da vida para uma vida mais cotidianizada e ritualizada, ou seja, fazer a vida fazer algum sentido, mesmo que estes sentidos estejam nas mãos de uma entidade, uma força ou um ritual.
Após a leitura do texto fiquei pensando nos aspectos da nossa vida que se encaixam com os aspectos da vida dos Nacirema. E me questionei como nos colocamos no lugar de modernos e ainda praticamos os rituais e ainda chamados de arcaicos. Por fim, o texto nos propõe pensar na tensão moderno/arcaico e além, familiar/exótico. E nesse sentido cabe ressaltar que estamos todos inundados desta última tensão. Os Nacirema nos ajudam e nos impõem a olharmos ao redor não um olhar qualquer, uma olhar de reconhecimento.