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Jogo do Bicho

Jogo do Bicho
Beth Castilho
set. 14 - 2 min de leitura
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Um dia no trabalho numa loja do Itaim, vi uma das funcionárias com um papelzinho na mão e não identifiquei o que era. Como a cena se repetiu vários dias seguidos, perguntei a ela do que se tratava aquilo.

"Jogo do Bicho, hoje vai dar macaco porque sonhei"

Fiquei interessada e pedi pra ela me explicar como era - eu já havia ouvido falar mas nunca tinha sido exposta à mecânica das apostas. Achei tudo informal demais,  precisa de confiança, o registro é tosco, pensei.

Dias se passaram e sonhei com um cavalo galopando numa montanha. O sonho foi tão real e impressionante, que cheguei na loja disposta a tentar a sorte com a ajuda da conhecedora do assunto. Ela me orientou sobre as possibilidades e arrisquei investir 10 reais e no fim do dia saberia o resultado.

Eu ganhei! Acertei na mosca (ou no cavalo?) e lembro que ganhei uma fortuna, era na época uns 400 reais. Em dinheiro!!!!

Recebi as notas de dinheiro, olhei pra elas, meu coração estava quente, um dinheiro inesperado e que, tomada pelo sentimento da origem, escolhi destinar a compra em uma loja que eu amava mas não tinha recursos e nem podia me dar o luxo de comprar nada.

Separei o dinheiro e, no sábado, fui ao Shopping Morumbi. Na vitrine, uma blusa de lã azul royal gritava meu nome. Na época não havia preço em vitrines. Entrei, perguntei o preço, estava dentro do budget - era quase todo o dinheiro - e falei "Vou levar".

Essa blusa ficou anos aqui comigo, pouco usada, afinal lã em São Paulo a gente pouco usa. De qualquer forma, foi um dinheiro que ganhei inesperadamente e dei a ele um destino também inesperado e fora do que eu vinha fazendo com dinheiro que recebia.


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